sexta-feira, 6 de abril de 2007

A idéia que antes de ser já era

Eu tenho o hábito de ficar inventando frases em que comparo os humanos e os animais irracionais, e finalizo com algum pensamento que coloco o homem abaixo do bicho. É claro que não dá pra se levar essas comparações ao pé da letra, mas algumas são geralmente interessantes. E essa semana eu achei mais uma diferença: só os humanos morrem de véspera. Caetano Veloso já dizia que o homem é o lobo do lobo do homem, e mais do que isso, eu acho que o homem é a própria pedra do caminho. Quando digo que só os humanos morrem de véspera, penso na nuvem que sombreia todo o seu horizonte. Isso é evidente nos primeiros dez minutos de conversa com qualquer pessoa: é o livro não escrito, a peça não encenada, o trabalho não feito, as palavras não ditas, os amores não vividos. Todo mundo aqui conhece alguém que, por exemplo, antes de ir para uma entrevista, já acha que não conseguirá o emprego, e usa das mais variadas desculpas: que ele é muito feio ou muito bonito, que tem muita gente querendo o emprego, com mais experiência, que tem gente de menos, etc, e por aí vai. Isso quando a pessoa não acha que nunca mais vai conseguir trabalhar por isso ou por aquilo, só pra começar. Infelizmente, essa espécie de hiper-imaginação mórbida e auto-destrutiva das pessoas, muitas vezes as tem impedido de viverem um grande amor, ou de fazer algo grande, com medo de não conseguirem manter seu estatus quo. E nesse quesito, os animais dão de 10 x 0 na gente, pois quando ele vê sua presa, a única coisa que o impulsiona é a imagem de suas garras cravando na carne e o gosto de sua carne na boca. E olha que eles nem sempre pegam o coelho.

2 comentários:

Debby disse...

Muito a minha cara isso!

Daniel disse...

isso acontece muito comigo tbm =/